- Deveria passar a haver um limitador de decibéis nos carros que andam com aquelas grafonolas no tejadilho. Digo isto porque na sexta-feira ia dando em maluco pois tive que fazer uns 10 Km a passo de caracol atrás de uma dessas máquinas infernais. Ainda me martela no cérebro aquela voz e música de cana rachada, fazendo-me pensar que a situação ideal era que em vez de megafones, esses carros deviam estar equipados com som de alta-fidelidade… ao menos apreciava-se a qualidade do som e a poluição sonora diminuiria drasticamente.
- Deviam ser banidos cartazes de mau gosto, sem sentido estético e com slogans no mínimo surrealistas… para perceberem do que falo podem visitar um excelente “blogue” criado pela equipa do Sapo (veja a ligação no fim, porque senão não acaba de ler o meu “peixe”).
- Esta é completamente inconstitucional e antidemocrática, mas no entanto poderá servir como reflexão. Alguns candidatos deviam ter que prestar provas, tipo exame psicotécnico, para demonstrarem se sabem ao que se estão a candidatar e se sabem quais são as competências dos órgãos a que se candidatam. Assim, só no caso de terem uma classificação superior a 10 valores, em 20, é que podiam ser admitidos como candidatos.
- Os candidatos deviam estar proibidos de expressar dotes artísticos, habilidades de ilusionista ou capacidades esotéricas. Acima de tudo deviam estar proibidos de cantar “A Portuguesa”… se a querem cantar e não sabem, contratem uma cantor(a) profissional ou amador, mas que tenha boa voz. Cantar mal “A Portuguesa”, goste-se do hino ou não, por mais bem intencionado que se seja, é um sacrilégio…
- Os candidatos, pelo menos alguns, além dos exames psicotécnicos, deviam ter aulas, não digo de etiqueta, mas ao menos de boa educação, factor elementar dos Estados desenvolvidos e dos bons democratas. Boa educação tanto na vitória como na derrota só os honra.
- Deviam ser estimuladas as “arruadas”, em especial aquelas onde figuram cabeçudos e artistas de circo, em detrimento das caravanas automóveis que apenas contribuem para a poluição atmosférica e sonora, e parecem ser um modo dos candidatos fugirem ao contacto com as populações. A “arruada” é a campanha genuinamente portuguesa e, como foi demonstrado pelas televisões poderá tornar-se numa grande atracção turística. Já estou a imaginar de quatro em quatro anos promoções turísticas na Alemanha, Dinamarca, Suécia, entre outros, para assistirem às campanhas eleitorais em Portugal. A ideia é idiota, mas era capaz de vingar…
- Em caso investigação judicial, o cidadão perderia o direito de se poder candidatar, podendo fazê-lo imediatamente após o tribunal determinar a sua inocência. Sei que a justiça, e bem, presume a inocência de qualquer pessoa até a culpa ou não “transitar em julgado” (adoro esta expressão, sublime) e poderá chocar com os direitos constitucionais. Digo isto apenas para bem dos políticos, pois por vezes necessitamos de abdicar de direitos e fazer sacrifícios para sermos respeitados e contribuirmos para o desenvolvimento do país.
- Os cidadãos deveriam ser “obrigados” a votar. Caso o não fizessem perderiam o direito à greve e acesso aos serviços não fundamentais do Estado. No primeiro caso porque se não votaram em ninguém excluem-se da sociedade democrática e como não participaram no acto eleitoral e nem sequer elegeram ninguém perderam o direito de reivindicar o quer que seja. No segundo, novamente porque se colocaram à margem do processo democrático, característica fundamental da nossa sociedade, apesar de não perderem os direitos sociais, não poderiam pedir passaportes, certidões várias e que lhes complicariam a vida profissional ou o seu lazer no exterior, por exemplo (uma coisa boa que o Brasil tem, esta).
- A cada eleição, e fora delas, fica provado que um "canudo" ou erudição de alta cultura não trazem boa educação, inteligência e saber estar em democracia.
10 de outubro de 2005
Finalmente o silêncio...
Finalmente o silêncio. Depois de algumas semanas de intenso arraial, onde se viu aquilo em que a ânsia de poder, tanto para o bem com para o mal, transforma o homem.
Foram semanas em tudo parou e se concentrou nas discussões acessas do acessório, atónitos pelo moralismo e autoridade revelada por alguns, segundo Louçã, “candidatos-bandidos” que mesmo investigados ou fugidos à justiça falam do alto do cavalo, parecendo mesmo detentores da razão e guardiães da democracia. Mas tirando esses mestres do caciquismo, na sua expressão mais baixa, o restante país revelou a sua maturidade democrática, votando em grande número, civilizadamente, sem boicotes e, acima de tudo, tranquilamente.
Assim, apesar de alguma instabilidade social, que creio seja artificial e na onda do discurso catastrófico da “tanga” e do “fio dental”, os portugueses demonstraram que sabem o que pretendem e em quem votam.
No entanto gostaria de deixar algumas notas relativamente àquilo que achei menos bom, e que não se liga directamente a esta campanha eleitoral, mas sim às campanhas eleitorais em geral.
Aqui vai:
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