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21 de fevereiro de 2005

Fantasporto

Começa hoje o tão aguardado FANTASPORTO – Festival Internacional de Cinema do Porto – que comemora o seu 25.º Aniversário. Com uma vasta escolha de filmes de excelente qualidade que se recomendam a qualquer apreciador de bom cinema. Mas não é só o cinema fantástico que preenche o seu cartaz, é de destacar a Semana dos Realizadores, que recomendo vivamente! Entre as variadíssimas ofertas realçam-se as muito esperadas antestreias de “Constantine” e “Sideways”. Espreitem só o programa do festival! E Bom Cinema!

Descodificar Edzná

Recebi o amável convite para participar neste interessante blog, ao qual logo disse que sim. Quero sem duvida agradecer a oportunidade que Morgan me deu para aqui poder partilhar algumas das minhas ideias! Espero que sejam muitas e sempre que possível pertinentes! A título de curiosidade, Edzná é uma cidade da América Pré-Colombiana, localiza-se perto de Campeche. Edzná é um vocábulo de origem Maia.

Só uma questão

Tenho receio que os meus "posts" sejam demasiado longos. São?

Ao ler Carlos A. Ferreira de Almeida...

É verdade, foi ao ler um escrito de Carlos A. Ferreira de Almeida, acerca da castelologia medieval, que se me fez luz acerca de um assunto pelo qual pensava já ter uma convicção bem definida e inabalável. Essa questão prende-se com o carácter generalista, ou não, das licenciaturas em arqueologia. Na verdade era, até à altura em que li esse escrito, um acérrimo defensor da especialização das licenciaturas em arqueologia em áreas de conhecimento ou em períodos. A ideia que me sustentava tal convicção era a amplitude de conhecimentos que o estudo, por exemplo, da pré-história ou da arqueologia clássica exige. Então não seria mais correcto a partir do meio da licenciatura o aluno escolher um ramo de especialização? Agora cheguei à conclusão que não, porque desse modo o aluno nunca disporia de um conhecimento de base acerca das temáticas arqueológicas, nem, muito menos, teria um conhecimento imediato das metodologias de abordagem aos diferentes períodos ou “assuntos” arqueológicos. No final, o seu curso de licenciatura seria incompleto e redutor, visto que as escolhas para uma eventual especialização não poderiam ser clarividentes, por ausência dessa base acerca da diversidade arqueológica. Na verdade, o carácter generalista da licenciatura afigura-se-me como sendo uma opção sábiamente cautelosa, e os directores dos cursos que não caíram na tentação de as especializar sabiam o que estava em jogo (penso que não existe nenhum caso em Portugal). Uma eventual especialização deveria, sim, figurar num mestrado ou doutoramento, altura em que será de prever que o arqueólogo possua já uma ideia do conjunto arqueológico mais bem definida pela experiência teórica e de campo. No entanto, como todos sabemos, os departamentos de arqueologia das universidades, deparam-se com todo o género de dificuldades, sejam elas relativas ao pessoal docente, sejam relativas a questões financeiras, daí que a criação de mestrados orientados para determinadas especialidades (teoria arqueológica, informática, arqueologia de campo, arqueometria, arqueologia experimental, entre muitas possibilidades), são praticamente impossíveis de conseguir. Mesmo assim, assalta-me outra dúvida. Será mesmo necessário este tipo de compartimentação do saber arqueológico? Só me ocorre uma situação em que se poderia tirar vantagens de uma situação como esta, de especialização. Seria se houvesse o hábito e, fundamentalmente, a possibilidade de um projecto de investigação arqueológica poder contar com múltiplos investigadores que se dedicariam à condução de estudos dentro das suas áreas de especialização. Apenas nestas circunstâncias se justificaria a estruturação do ensino pós-graduado em áreas de especialização, pois na situação em que vivemos, onde os parcos recursos mal chegam para a realização do trabalho de campo, não se tiraria o proveito rentável de tal situação. Mais uma vez, a pretensão de especializar volta a cair por terra. Lembro-me agora, também, da questão em que alunos que, com todo o mérito e louvável esforço, acabam as suas licenciaturas e transitam, normalmente por convite das faculdades, para um doutoramento. Será pedagógica tal situação, por mais mérito que tenha o aluno? Não se deveria antes, e como prémio pelo seu esforço, proporcionar todas as condições para que tal aluno possa potenciar as suas capacidades antes de se aventurar num doutoramento? Em vez das faculdades o convidarem para um doutoramento, ou mestrado, por que não arranjar um estágio nas mais prestigiadas universidades da Europa, onde se ensine arqueologia. Não seria esse o caminho que um excelente aluno deveria percorrer antes de se aventurar num doutoramento? De todos aqueles que o fizeram, quantas expectativas se goraram, ou se perderam talentos? Não é que tenha o quer que seja contra tal situação, apenas me questiono acerca dela. São estas as dúvidas de alguém que ainda está a descobrir e a aprender a arqueologia, coisas que me ocorreram a ler um texto onde, apesar de ser uma consciência presente, mas não deste modo estruturada, se contactava que “talvez em mais de metade dos casos, os castelos medievais nos aparecem em montes onde preexistiram esses velhos povoados (...)” onde o autor se refere à “perduração dos antigos castros, entretanto romanizados, ao longo da nossa Idade Média.” (Almeida, C.A.F., 1989, p. 38), demonstrando desse modo um exemplo de como um sítio arqueológico pode ser feito de vários "sítios", não tendo o arqueólogo legitimidade para desprezar qualquer um deles. Já agora a referência bibliográfica completa:
- Almeida, Carlos Alberto Ferreira de, “Castelos e Cercas Medievais: séculos X a XIII”, in História das Fortificações Portuguesas no Mundo, dir. Rafael Calado, Lisboa, Alfa, 1989, pp. 38-54 (Portugal no Mundo, dir. Luís de Albuquerque).

19 de fevereiro de 2005

Acerca de Livros

Este é um assunto que me tem levado a reflectir, desolado, naquilo que os arqueólogos nacionais têm editorialmente a oferecer, não só à comunidade científica, como à "famosa" sociedade civil. Pode dizer-se que, em Portugal, não existe um mercado muito grande, sendo que, desse modo, a procura não iría cobrir o investimento(!?!?). Talvez seja verdade, no entanto não serve de desculpa, pois a tecnologia, actualmente, oferece soluções bastante baratas se comparadas com a tradicional publicação em papel.
Mas julgo que o problema é ainda mais profundo que uma eventual falta de mercado ou a ausência de fundos para uma publicação. É facto que, talvez por ainda ser um estudante de arqueologia, ainda tenho muito para lêr e, ainda, nem sequer tenha posto os olhos no melhor que se produz em Portugal, seja por perguissa ou ignorância. Mas, felizmente, ainda vou verificando excepções a esta lacuna, através do enpenhamento de professores universitários, investigadores independentes e de organismos oficiais, assim como de empresas de arqueologia.
No entanto, olho para o lado, em Espanha, e verifico um investimento considerável na elaboração de obras monográfica acerca de assuntos caros à arqueologia. Como exemplo indico, aqueles a que já tive acesso, o "Nociones de Tecnologia y Tipologia en Prehistoria" e o "Manual de Arte Prehistorico" ambos da Editorial Ariel (devo também referir a Ed. Crítica). Os autores de ambas as obras reuniram toda a informação relevante acerca desses assuntos, de modo a proporcionar aos estudantes universitários uma ideia de conjunto actualizada e como um ponto de partida para o estudo mais aprofundado. Mas não se tratam de pequenos livros, posso dizer que, por exemplo, o "Manual de Arte Prehistorico" tem 527 páginas recheadas de texto e ilustrações de elevado interesse para uma primeira abordagem e essa matérias e, também, funcionando como um "arrumar da casa", algo que já vem fazendo falta em Portugal - o estabelecimento claro de pontos de vista no que respeita às concepções e noções teóricas e de investigação. Além de poderem ser comprados através do site da Editoral Ariel, também podem ser comprados on-line na Livraria Leitura, com portes grátis até 15 de Março.
Para quando um trabalho deste género em Portugal, pois para conseguirmos ter uma ideia de conjunto, sobre o quer que seja, temos que procurar em 1001 revistas e publicações dispersas.
Quanto à questão dos custos de publicação... não sei! Porque é que os departamento de arqueologia das universidades não apostam neste tipo de publicações, em vez de terem revistas de carácter geral (o ideal seria existirem as duas)? Não seria esta uma forma de afirmação e revelação de valor de uma Faculdade ou Universidade? Porque é que o IPA também não investe neste tipo de publicação? Será que não existe uma editora qualquer que se interesse por este tipo de matérias? As Associações de Arqueologia, porque não?
Enquanto a Arqueologia se fechar no casúlo, nunca iremos conseguir nada... esta é a verdade... mostrem-se com o vosso trabalho e, mais importante que isso, não tenham medo do povo que, de todos, é aquele que mais nos estima e ajuda.

12 de fevereiro de 2005

Edzná

Edzná é a nova colaboradora d' O Caco! Fiquei agradado com a disponibilidade que demonstrou para participar neste espaço, pois as suas opinões e ideias são demasiado pretinentes e interessantes para se perderem. Bem-vinda!

Fotografia

Para quem está interessado em fotografia aqui vai uma sugestão curiosa. Uma conjugação de belíssimas paisagens com muitos promenores fascinantes, as fotografias são da autoria de Steven Pinker.

Uffa

Finalmente voltei... são os exames! E como proveitoso foi o estudo. Ainda estou a amadurecer o "post" que se segue. O tema surgiu-me enquanto estudava Arqueologia Medieval, ao ler um texto de Carlos Alberto Ferreira de Almeida acerca da castelologia portuguesa dos séculos X ao XIII. Andava cego, mas parece que se me abriram os olhos... mas isso fica para o próximo "post" porque, para relaxar, depois de ver o "Inimigo Público TV" vou ver o "Ninja das Caldas", obra-prima do cinema português.

4 de fevereiro de 2005

Prospector

Na continuação do “post” anterior, vou fazer um ponto da situação relativamente ao Prospector. O ponto-chave do sistema é o sítio arqueológico. Ou seja, é a partir do número de inventário atribuído ao sítio que toda a informação se vai organizar e relacionar. Este campo é alfanumérico e de inserção livre, mas tem que ser preenchido obrigatoriamente. Posso, por exemplo inserir o seguinte número de inventário: “MAM – 002/1999”, correspondente a Mamoa da Azenha do Meio n.º 02, descoberta em 1999. Ou seja, o número de inventário pode e deve ser colocado segundo a organização do utilizador, que arranjará uma fórmula para tal. O mesmo acontecerá com todos os campos deste género, permitindo assim uma personalização do inventário. Esta parte, aquela respeitante aos sítios arqueológicos já assume alguma consistência, sobrando apenas pequenos problemas de arquitectura do sistema e de interface. No entanto, o problema começa com a escassez de informações relativamente às fichas de materiais, principalmente. Pretende-se englobar o registo independente dos materiais, mas relacionados com a estação a que pertencem, no entanto, existe uma grande variedade de tipos de materiais saídos de uma escavação arqueológica: cerâmicas, vidros, metais, pedra (líticos), osteológicos, entre outros. As contribuições e ajudas poderiam ser feitas do seguinte modo:
  1. Envio dos campos, considerados indispensáveis para o inventário de estações arqueológicas e do espólio delas resultantes, para o email: morganzine@hotmail.com
  2. Testar a versão disponível em http://prospector.no.sapo.pt/ e enviar, para o mesmo email, sugestões que julguem pertinentes. Para poder testar o Prospector necessitar ter o Ms Access XP instalado.

Se fosse conseguida a consolidação destas duas categorias (Estação Arqueológica e Espólio) estaríamos em condições de afirmar que o mais difícil estava feito.

3 de fevereiro de 2005

Informatiquices

Tenho-me, nos últimos tempos e nas horas vagas, dedicado à aplicação de Sistemas de Gestão e Informação em Arqueologia. Não, não se trata de SIG, geo-referenciação, nem nada de semelhante. E porque não? Bem, uma das coisas que me dá prazer, pois felizmente existem outras que me dão mais, é aprender como as coisas funcionam, desde os pés às pontas dos cabelos. Se o meu interesse passa-se logo para SIG ou geo-referenciação estaria a começar ao menos pelo pescoço. A geo-referenciação, no meu entender, é já a parte final ou o resultado visível da implementação de um Sistema de Gestão e Informação em Arqueologia. Como atrás disse ando às voltas como um modesto e caseiro projecto para a “construção” de um desses sistemas ao qual dei o nome de Prospector, e vai já na numa segunda versão, pois a primeira começou mal de raiz. O resultado final será uma aplicação gratuita que, segundo espero, possa servir a comunidade arqueológica, senão mais, como uma base de trabalho onde consta um conjunto mínimo de campos que julgo imprescindíveis para um bom registo informático. Na altura em que ainda existia o Fórum do IPA, utilizado de forma vergonhosa como arma de ataque e enxovalhamento, coloquei lá um apelo que agora volto a fazer. Na altura pedia a colaboração neste modesto e caseiro projecto com o envio de fichas de registo arqueológico, com a finalidade de fazer um levantamento das necessidades e poder prevê-las no Prospector. O resultado deixou-me triste. Apenas uma pessoa me respondeu, a Jacinta Bugalhão ao enviar-me o texto publicado na Revista Portuguesa de Arqueologia, vol. 5, n.º 1, de seu nome “Endovélico - Sistema de Gestão e Informação Arqueológica”. Além da Jacinta, apenas alguns amigos me enviaram aquilo que tinham, sendo no caso o João Machado e a Elisabete Robalo. Isto fez-me pensar, e como pensei eu! Cheguei à conclusão que, “ou ninguém leu o pedido, ou todos leram mas apenas uma pessoa deu importância e valor, ou apenas uma pessoa deu importância e valor e os restantes ficaram desconfiados. Mas, desconfiados de quê? São apenas fichas!! Não estou a pedir o resultado das investigações, só fichas em branco, onde constam os campos que cada um necessita”. E o porquê desta necessidade? Bem, a questão é que o Prospector, ao contrário da maior parte das bases de dados caseiras, funciona no modo relacional, onde tudo é inventariável. Por exemplo, no registo de uma estação arqueológica, ao referenciar a cartografia, abre-se um módulo para o inventário da mesma e onde posso colocar toda a informação respeitante a determinada carta - seja ela topográfica, hidrográfica, etc. - desde a escala, ano de publicação, editor, estado de conservação e todas as demais informações que se considerarem úteis. Outro exemplo que posso dar é o da toponímia, onde além de poder indicar todos os topónimos respeitantes à estação arqueológica, posso caracterizar cada um deles, segundo a sua origem, descrever informação ligada ao topónimo (desde lendas, associação a outras estações arqueológicas, entre outros). Ou seja, o sistema que estou a conceber permitirá reunir quase todo o tipo de informação que se possa imaginar tendo sempre em conta que cada registo pode conter milhares de registos. Por exemplo, e recorrendo novamente à cartografia, uma carta pode ter mais que uma data de publicação e editores diferentes, dependendo dos anos e da reformulação do serviços de produção (exemplo: antes existia o Serviço Cartográfico do Exército - SCE, que agora se chama Instituto Geográfico do Exército – IGEOE), portanto, tenho que ter em conta que para cada registo de uma carta tenho que prever múltiplos registos. Do mesmo modo, tenho que contar que cada estação arqueológica terá forçosamente múltiplas cartas de diversas naturezas. Será que me fiz entender?? Depois surge outro problema. Para que o Sistema funcione, tenho forçosamente que o organizar por categorias de modo a permitir pesquisas e consultas de dados mais exactas. Aqui surge o problema da normalização. Qual a noção de pequeno, médio e grande? Qual é a noção de alto e baixo? Como posso determinar um sítio se ele não é determinável por falta de informação? Bom, o apelo fica aqui novamente. Alguém?

1 de fevereiro de 2005

Sinais

Estava no meu local de trabalho quando, subitamente, a energia eléctrica se esvanece das tomadas. O alarme dispara e, não sei porque razão, mesmo marcando os códigos para o desactivar e descarnando as ligações, ele não parava de tocar. E tocou, tocou, tocou até que, por exaustão do mecanismo, se calou. Mais tarde, quando saí para o almoço, ouvi na TSF que, esta manhã, Henrique de Canto e Castro tinha ido pisar os celestes palcos. Parei e pensei no alarme que não se calava, e tocava, tocava, num grito que depois me pareceu ser um sinal de anunciação da partida deste grande actor. Boa Viagem e obrigado!